segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Homenagem a "Seu Justino Soldado"

Por Jesus de Miúdo - FotoBlog Acari do Meu Amor - http://acaridomeuamor.nafoto.net/index.html

No Sítio Bode, Município de Caicó, aos dezessete dias de setembro do ano de mil novecentos e vinte e dois, nascia Justino Pereira de Araújo, filho do casal João Batista de Araújo e Salvina Francelina de Araújo. Criado em Cruzeta, onde conheceu e levou ao altar a companheira Nelça Nerci de Araújo, com quem teve oito filhos.

Sua primeira profissão foi pescador, depois foi marceneiro, sendo que em 1945 foi empregado do DNOCS, trabalhando no Itans em Caicó desenvolvendo a função de carpinteiro. Mas no dia nove de janeiro de 1946, depois de haver pedido demissão daquele órgão, foi admitido na Polícia Militar do Rio Grande do Norte, tornando-se praça mobilizada por instruções e exames. Destacou primeiramente em Cruzeta, pertencendo à Companhia de Caicó, onde ficou até 1948, quando foi transferido para a Companhia de Pau dos Ferros. Lá permaneceu apenas dois meses e voltou à Cruzeta, ficando até 1962. Nesse ano foi mandado para Acari, onde ficou até a sua aposentaria em 1977, trinta e um anos depois de haver ingressado no quadro da polícia militar.

Foi Acari, que o homem sério, sincero, inteligente, bom vizinho e cidadão pacato, escolheu para morar depois de aposentado. O pai disciplinador sempre foi um homem atencioso com as pessoas que lhe rodeavam na Rua Major Hortêncio, onde mora até hoje com sua querida esposa, Dona Nelça. Sua paixão por armas de fogo era conhecida de todos, e a sua fama de caprichoso com essas suas coisas, fez-lhe desempenhar em nossa cidade a função de mestre na manutenção de armas. Exigente por natureza, seu Justino mostra em seu dia-a-dia, ainda hoje, através do seu jeito perfeccionista, o excelente soldado que foi. Eu ainda era muito menino quando conheci seu Justino lá pela rua onde eu morava. Minha irmã, colega de classe de sua filha Salvina, levava-me algumas vezes à sua casa, e eu ficava impressionado com a organização daquele lar com os móveis e todas as coisas arrumadas de um jeito que, parecia de verdade, terem sido medidos todos os espaços. Lembro também do brilho do chão da casa, isso nunca me saiu da memória e das várias plantas que enfeitavam o ambiente, tratadas com um zelo que jamais vi. Era lá, em sua casa, que dona Nelça e seu Justino, embora pessoas reservadas, também se desmanchavam em atenção e em hospitalidade. Ela oferecendo sempre alguma coisa para o estômago, ele sendo paciente e mostrando com alegria os objetos da minha curiosidade infantil. Por mais de uma vez me fez saber como funcionava o mecanismo de uma arma de fogo. Eu podia sentir o orgulho do homem, por trás dos sorrisos, nesses momentos de docência.

Hoje, aos oitenta e três anos de idade, a estatura já não é a mesma pelas costas arqueadas, mas os passos ainda são firmes, embora quando acompanhado pela esposa, segurando-lhe a mão, desça bem devagar pela rua comprida, saudando todos a quem vai encontrando. Agora a vida lhe devolve em paz e tranqüilidade aquilo que ele sempre zelou em ter. Seu Justino Soldado pode estufar o peito com orgulho e dizer que fez, e faz, parte da nossa história, semeando bondade, seriedade e amizade, valentia e galhardia para com a sua função na sociedade. 

PS.: No último dia vinte deste, juntamente com seu Basto Soldado, seu Justino também recebeu a placa de Honra ao Mérito da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, na presença das autoridades do município e do estado, família, vários alunos das escolas acarienses e dos amigos que encheram as arquibancadas do ginásio de esportes, numa bonita e merecida festa. Eu estive presente, tomado de emoção.

Fonte: Blog do Eduardo Silva